terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ainda sob o efeito inebriante do 5º Encontro de Literatura Infantil e Juvenil da UFRJ...

Bem, aconteceu de 8 a 10 de julho, mas as palavras dos mestres ainda ecoam (ainda bem!).
Tudo muito bem organizado, assuntos interessantíssimos, pena eu não ser duas, três ou mais para poder fazer todos os minicursos que me interessavam. Mas o que eu quero comentar aqui é a maravilhosa palestra de abertura do Bartolomeu Campos Queiroz (que está enfrentando problemas de saúde, mas graças a Deus se recupera bem).
Confesso que, antes da palestra, os textos dele soavam para mim como bonitos, mas depressivos...terrivelmente solitários...sempre com um quê de melancolia...afasto-me um pouco deste tipo de texto, acho que basta a minha melancolia que já me custa a carregar...e ainda teria mais aquela que vem de fora, botando o dedo bem onde dói? Lygia Bojunga também tem esse dom, mas ainda dá para disfarçar com um certo humor, um aceno de esperança.
Pois lá vem Bartolomeu, muito aplaudido, senta-se e começa mansamente a falar...Sem intenção de dar nenhum “show” ou mostrar-se muito erudito. A gente sente que a palavra vem de dentro dele mesmo, não estudou aquilo, não se baseou nas últimas pesquisas. Como tudo aquilo que ele fala é profundamente humano!
Começou dizendo que o texto contém fantasia (até aí, eu estava no clima de Fantasia, de Walt Disney – ah, sim, concordo, lembrando-me do Mickey vestido de feiticeiro – é impressionante como nosso pensamento vai longe), mas logo depois Bartolomeu fala que fantasia vem de “fantasmas”: “é pela palavra que os nossos fantasmas criam corpo”...
Ai, que susto! Imediatamente minha cabeça ficou escura como Hogwarts do Harry Potter, e lembro daquele fantasma sem cabeça. Por que será que o “meu fantasma” não tem cabeça, isso é coisa para o meu analista. Deu um medo de não conseguir fugir, porque o fantasma estava lá dentro do pensamento.
Quando eu era pequena, morava num sobrado. Tinha uma escada de madeira que tomava banho de sol da clarabóia e à noite (misteriosamente só depois que meus pais resolviam dormir e deixava-me com meus irmãos sozinhos na sala assistindo à televisão), pois então, à noite a escada estalava. E nos apavorava com a única explicação plausível: fantasmas, é claro! Muito mais tarde fui entender a explicação científica disso, tarde o suficiente para duvidar dela. No fundo, ninguém me convenceu ainda que a maldita escada não se divertia a valer com nosso medo (ops, isto dá uma história).
Voltando à palestra: cá estou eu com meus fantasmas. Para quê dar corpo a eles? Vou tentar responder nos próximos dias...

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