sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Adapte-se...

Artigo de março do Jornal Nirvana!


Esta é a época de adaptação. Primeira escola, escola nova ou, pelo menos, nova turma. A primeira ideia que se tem é que a criança é quem tem que se acostumar à escola, aprender e seguir as normas. Quando ela “ficar transparente”, isto é, não chorar mais, não “aparecer” mais, não “der mais trabalho”, não “protestar” mais, está decretado que ela está adaptada. Será mesmo assim?
Fui olhar no dicionário. É um exercício interessante descobrir o significado verdadeiro de palavras que usamos cotidianamente. Adaptar, segundo o Michaelis, é “ajustar uma coisa a outra, combinar, encaixar, justapor.”
Então, teremos uma visão totalmente diferente da adaptação da criança na escola. Ela é um ser único, que está entrando em um novo círculo social que deve também se moldar para recebê-la. Ela precisa se ajustar a esta nova realidade, claro. Mas a escola também tem que se ajustar a esta nova criança, para que combinem. Penso nas peças do jogo Lego: é impossível encaixar uma peça se a outra for lisa. É preciso considerar que os dois lados tem particularidades que devem se somar, e não anular uma em benefício da outra. Assim se constroem coisas novas, vivas, em constante mudança. Senão, é um mero trocar de “personagens”, mas o cenário, o roteiro, é o mesmo: uma construção ossificada.
Que estimulante será uma escola, um ambiente de aprendizagem e convivência, cujos funcionários e professores também sentirem um “friozinho na barriga” no primeiro dia de aula, também pensarem se cada criança que vem chegando gostará deles, pensarem o que será que cada uma vem trazendo de novidade, de engraçado, de emocionante, de humano. Pensarem em como serão modificados por elas.
Deixei para o final a definição mais bonita do Michaelis para “adaptar”: “por em harmonia”. Não dá vontade de se adaptar logo?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Colégio Teresiano

No ano passado fui ao Colégio Teresiano, na Gávea, conversar com as crianças. Foi um encontro muito bom, cheio de perguntas interessantes. Para quem quiser ver as fotos:

http://www.teresiano.g12.br/teresiano/biblioteca/aut_simone.swf

Outra matéria minha que saiu no Jornal Nirvana

Esta é a da edição de fevereiro:

É tempo de planejar...

Após as festas de fim de ano, vamos colocando, aos poucos, a vida no lugar. Este finzinho de férias pode servir para uma reflexão sobre o ano que passou, o que deu certo e o que precisa ser melhorado na educação da criança. Ficamos satisfeitos com a escola? Se há alguma coisa pendente, é bom ter logo uma boa conversa com a nova professora, com a coordenação ou mesmo com a direção, dependendo do assunto. Aliás, o interesse pelo que a criança faz na escola e a participação em reuniões e festividades é importante no ano todo. A decisão de mudar de escola deve ser sempre bem pensada, pois em todos os lugares há prós e contras. Não existe “a” escola ideal, existe a escola que tem melhores condições para oferecer o que aquela criança em particular está precisando para se desenvolver plenamente, naquele momento de sua vida.
Na hora de escolher a nova escola, ou mesmo a primeira, os pais devem ter bem claro o que valorizam e o que pretendem. Família e escola devem ter princípios parecidos: conflitos confundem a criança.
Escolhida a escola, pode-se pensar no tempo livre da criança. Se ela apresentou dificuldades no ano anterior, é melhor ter logo um acompanhamento mais de perto, seja dos pais, seja de um professor particular. Deixar acumular matéria para só procurar ajuda um dia antes da prova é pouco produtivo. O melhor é mesmo garantir que a matéria está sendo entendida e as tarefas de casa estão sendo feitas, para se ter um ano tranquilo. Depois, é hora de pensar em outras atividades: uma outra língua, um esporte e/ou uma atividade artística como teatro, música ou desenho, que vão ampliar a forma de ver o mundo, melhorar a autoestima e o autoconhecimento. Essas atividades devem ser acima de tudo prazerosas e sem exageros, para que não se reproduza o estresse do mundo dos adultos. É fundamental que a criança tenha tempo para si, para brincar, para ser mais livre.
Tudo planejado, o ano que se inicia será de sucesso nos estudos, paz na família e felicidade para a criança!

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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Mais um artigo

Posto aqui mais um texto que foi publicado no Jornal Nirvana. Este saiu em dezembro, mas, como ainda tem gente em férias...

Crianças em férias: socorro!


Todo ano a história se repete: o que fazer com as crianças em férias, a esta altura, já entediadas? Sem atividades interessantes, passam o dia na televisão ou no computador e se queixando, e os pais contando os dias que faltam para as aulas começarem e terem um pouco de paz... Ou então, atoladas de atividades extras, colônia de férias, viagens, e assim pais e filhos mal se vêem. Definitivamente, não são estas as férias ideais! O que fazer, então?
Se pensarmos em como nós, adultos, usamos o tempo, teremos algumas pistas: temos mil compromissos de trabalho, estamos sempre correndo, não temos tempo para nada... Mas se tivéssemos tempo livre, saberíamos o que fazer com ele? Talvez seja o momento de pensarmos se não estamos evitando ter tempo e dar tempo às crianças. Tempo para pensar, para olhar, para criar.
Quantas vezes paramos para ouvir o que a criança tem para nos contar, sem atender o celular, sem olhar o relógio, sem pensar na lista do supermercado e no relatório a ser entregue? Quantas vezes conseguimos levá-la ao parque, sem “aproveitar” e ir ao banco, “aproveitar” e ler o jornal?
Será que somos capazes de desacelerar, de nos permitir ter tempo livre? Estar, de verdade, no presente, com nós mesmos e com o outro?
Vivemos um tempo de relações descartáveis, com mil “amigos” no orkut, mas nenhum disposto a ouvir um desabafo ao vivo. Nossos prazeres são calcados no consumo: brinquedo do anúncio, caderno com a capa do artista estampado, o último modelo de celular. Acúmulo de informações que nos sufocam e que não digerimos. E ficamos com a sensação de “balão de gás”: parece que temos muito, mas não nos sentimos preenchidos, plenos.
Não paramos para pensar que os verdadeiros prazeres são simples, são de graça ou custam muito pouco. Ouvir de verdade. Olhar de verdade. Andar de mãos dadas com o filho, um sorvete no fim da tarde, jogar damas, brincar com água, fazer um bolo juntos, ver fotos antigas da família, ler uma história na hora de dormir. Sentar no chão. Rir. Jogar conversa fora. Não fazer nada. É isso que nos aquece o coração, nos faz entender o valor que as coisas realmente têm. E voltamos das férias descansados, felizes, renovados, cheios de histórias para contar e muito mais próximos dos filhos. Conviver não enjoa, porque o encontro sem script é sempre novidade. A diferença é estar, de corpo e alma, com a criança. Isso sim, fará novo o Ano Novo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Matéria do Jornal Nirvana

Estou escrevendo uma coluna mensal para o Jornal Nirvana, e está sendo uma experiência ótima.
Esta foi a primeira:

O “não” na educação da criança


Basta um passeio ao shopping ou à praia, e é fácil acharmos algum pai ou mãe e seus filhos em “plena guerra”: crianças indiferentes aos apelos dos pais, ou chorando, e pais perdendo a paciência. Como fazer a criança obedecer? Por que elas teimam em fazer tudo ao contrário do que falamos para elas?
Se lembrarmos da nossa própria infância, geralmente obedecíamos com um olhar mais severo, ou um tom de voz mais elevado. Por que isso não funciona mais?
Porque a relação entre pais e filhos de hoje é diferente. Nenhum pai quer que seu filho o tema, nem que o obedeça cegamente, como que adestrado. Quer filhos saudáveis, alegres, criativos, autônomos. Procuram explicar o porquê do não. Não querem ser autoritários. Mas ainda assim, acontecem os impasses.
O assunto é complexo, porque definitivamente educar dá trabalho. E muito.
Quando chegamos em casa após um dia exaustivo, e vem a criança nos abraçar, como dizer “não” se ela nos pede um doce antes do jantar? Por medo da criança não gostar mais de nós, ou por sentimento de culpa, ou por cansaço mesmo, acabamos por deixar a árdua tarefa de impor limites para a escola, a babá, a avó.
Porém, a referência principal da criança são os pais. E a criança vai testando para saber até onde pode chegar. Acontece que nossa sociedade está repleta de valores incompatíveis: impunidade, injustiças, “vencer a qualquer preço”. Deve-se ser “bonzinho”ou “esperto”, estimular a competitividade ou a cooperação?...Os pais ficam perdidos. Se algo hoje pode, amanhã não pode, depois de amanhã pode só um pouquinho, como a criança vai conseguir formar o conceito do “não”? Essa inconstância gera ansiedade e agressividade.
Os pais precisam ter claro quais são seus próprios valores para poder transmiti-los aos filhos. Também precisam assumir o papel de educadores e saberem que nem sempre serão agradáveis: escovar os dentes ou ir à escola são atividades que não estão em discussão se devem ser feitas ou não.
Regras simples e claras, explicadas à criança no seu nível de entendimento, ouvi-la de verdade, ter paciência para repetir tudo de novo e saber que é um ato de amor prepará-la para ir aceitando os limites. Ela vai conviver melhor com as pessoas, aceitar as diferenças, não desistir de seus ideais na primeira dificuldade. A vida é pontilhada de “nãos”: aprender a lidar com a frustração vai fazer da criança um adulto mais feliz.