segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Ler para crescer!

O blog da Revista Crescer traz muitas informações interessantes sobre literatura infantil.
Nesta semana, meu livro estava lá!

http://lerparacrescer.com.br/

domingo, 30 de novembro de 2008

Jogar



Passei uma tarde de sábado com as crianças da Esquina Cultural. Aqui estou jogando Damas com João Victor. Foi uma vitória arrasadora (para ele!). Quase todas as peças dele viraram rainhas. Decididamente, as Damas não são mais as mesmas.






É disso que eu gosto: encontro colorido, simplicidade, crianças, alto-astral, música, alegria de estar junto...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Continuando com Drummond

Cursei a Universidade em São Carlos, uma cidade ótima, porém longe de São Paulo. Então eu morava em República. Claro que tinha suas delícias, mas o comecinho mesmo, essa saída da casa dos pais, como foi dolorido. Sentia-me pequenininha. Como num internato. E lá estava Drummond, pra me dizer: “olha, eu também me sinto assim. Estou detestando tudo. Mas vamos falar baixinho que o padre pode escutar”:

Terceiro dia

Drummond

Mamãe, quero voltar
imediatamente.
Diz a Papai que venha me buscar.
Não fico aqui, Mamãe, é impossível.
(...)
Ai Mamãe, minha Mãe, o travesseiro
eu ensopei de lágrimas ardentes
e se durmo é um sonhar de estar em casa
que a sineta corta ao meio feito pão.
(...)
Mamãe, o dia passou, mas tão comprido
que não acaba nunca de passar.
Um ano à minha frente? Não agüento.
Mas farei o impossível. Me abençoe.
E faz um frio... A caneta está gelada.
Não te mando esta carta
que um padre leria certamente
e me põe de castigo uma semana
(e nem tenho coragem de escrever).
Esta carta é só pensada.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Continuando a conversa...

que livros me fizeram levantar a cabeça da leitura e pensar?

O primeiro que conseguiu esta façanha foi Andersen. Quando eu era bem pequena, a história com a qual mais me identificava era “O patinho feio”. Eu me sentia diferente de todo mundo, e a história me alentava: era preciso ter calma que eu me transformaria num cisne e me vingaria de todo mundo que ria da minha falta de jeito, da minha timidez, das minhas esquisitices! (o sentimento de vingança talvez não fosse a tônica da história, mas era assim que eu pensava).
Na minha adolescência, vi que não adiantava só virar cisne: era preciso voar! E dá-lhe Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach. Que susto eu levei! Li várias vezes, tentando entender como é que ele sabia de tudo que eu estava procurando, me questionando, sentindo que a vida não era só isso. Tenho as asas, mas o que fazer com elas? Poderia mesmo voar para lugares tão altos como Fernão?
Logo depois emendei com O menino do dedo verde, de Maurice Druom. Era preciso lutar, sim, mas sem perder a ternura! E que missão era essa minha, de fazer brotar flores nos lugares mais escondidos! Será que foi por isto que me embrenhei pela área da Pedagogia?
Depois veio “O encontro marcado”, do Fernando Sabino. Eu já o conhecia das crônicas, leves, engraçadas, mas este romance foi uma paulada. Deixou-me em depressão bem no meio da minha adolescência. Para ir de vez ao fundo do poço: “Olhai os lírios do campo”, do Érico Veríssimo. Os protagonistas dos dois livros são pessoas cheias de questionamentos, que não conseguiam viver de acordo com suas crenças e desejos. E eu lá, sufocada pelo autoritarismo e o medo da liberdade.
O encontro marcado foi tão forte que só fui a este encontro novamente aos 30 anos, morrendo de medo do que leria, será que entraria em depressão de novo? Ufa, que alívio, não. Nem achei o livro tão pesado assim. Mas pude entender melhor meus sentimentos daquela época. Reler um livro anos depois é uma experiência interessantíssima!
Já na faculdade, me entreguei à sensualidade do Jorge Amado. Li todos os livros dele disponíveis na biblioteca, em ordem alfabética. Junto com Drummond, que eu acho parecido com um avô meu. Misturando a imagem que eu faço dele com o que ele escreve, taí: eu e Drummond somos unha e carne. Companheiros pra toda a vida (e o que mais vier!). A pedra no meio do caminho nem ligo muito, mas

“Nesta cidade do Rio,
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América.”
(A bruxa)

me tocou fundo. E olha que eu nem imaginava que iria morar no Rio algum dia!
E como traduzir de outro modo a minha busca incessante pela palavra mágica?

A palavra mágica

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Curta à vista!




Passei o fim de semana às voltas com a filmagem de um curta do Felipe. Por enquanto, fica só o gostinho da foto. Quando tudo estiver pronto, posto no blog. Olha só a equipe de filmagem!
Ops! Para quem não entendeu: estou com uma lâmpada na mão porque a contra-regra aqui teve que sair correndo no meio da filmagem e ir até o supermercado mais próximo (antes que fechasse) para comprá-la! Mas também quis mostrar que a criatividade rolou solta...Esses meninos vão longe!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Sobre os fantasmas do Bartolomeu

Num dos textos eu falei que ia tentar responder para quê dar corpo aos fantasmas, como disse Bartolomeu Campos Queiroz na palestra de abertura do Simpósio da UFRJ.
Mentira, não sou eu que vou responder não. É o próprio Bartolomeu quem respondeu adiante, só fiz suspense...
Ele disse que o livro conversa com você, com o que você é, com seus fantasmas, suas coisas. É quando você lê e pensa: mas era isto que eu queria dizer! O texto dá voz ao leitor, ou corpo aos fantasmas...
Tem até uma música do Milton Nascimento que fala disso:

Certas canções que ouço
falam tão dentro de mim
que perguntar carece
como não fui eu que fiz?

Fiquei pensando sobre os livros que fizeram isto comigo: qual me fez levantar a cabeça da leitura e pensar?

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Escolhas

Ou isto ou aquilo


Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Cecília Meireles



Toda escolha sempre implica numa perda. E como é duro perder!
Aí a gente tenta conciliar: “ah, mas é possível ter sol e chuva ao mesmo tempo...” Só que é tão raro e efêmero...
Tem uma história africana sobre uma hiena que foi convidada para dois banquetes, no mesmo dia e horário, mas em lugares distantes um do outro. A hiena não conseguiu se decidir, pois nos dois teria carne, que ela adorava.
Então ela resolveu ir aos dois banquetes ao mesmo tempo: com a perna direita, ia pelo caminho da direita, com a perna esquerda, no da esquerda. Logo ela se sentiu dividir em dois e foi levada ao médico, que a proibiu de comer carne por um mês! É... a vida é assim. Não adianta fugir, temos que optar! Mas...

Ai, Cecília, eu também não consegui entender ainda o que é melhor: isto ou aquilo?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Palestra sobre Literatura Infantil na UFF

























No dia 10 de outubro, dei uma palestra numa turma de Pedagogia, convidada pela Profª Mônica Bezerra de Menezes Picanço.












Foi um encontro bonito, há tempos eu não via a Mônica, e foi bom de sentir que o tempo não muda as afinidades. Ele me presenteou com o livro “Os quinze”, escrito por toda a família (são os 15 filhos de Geraldo e Odette Bezerra de Menezes, mais os netos e bisnetos). É um livro pra se ler aos pouquinhos, feito conversa de antigamente, quando a visita chegava na hora do café da tarde e se contava os causos na cozinha mesmo (quando era visita de sem-cerimônia).






A palestra foi uma oportunidade que tive de organizar uma grande quantidade de material recolhido durante vários anos. Pude conversar com educadoras sobre literatura, é importante aproximar os saberes, as experiências, as dúvidas.
Uma das alunas me disse que foi bom ter visto uma trajetória que deu certo. Fiquei feliz por ela pensar assim, porque o caminho que estou seguindo é tão único, juntando tudo o que eu gosto de fazer e acho importante, que me sinto quase como se tivesse “inventado” uma profissão. Um aprendizado mesmo: a gente é que faz o nosso caminho.





quinta-feira, 23 de outubro de 2008

"A arte fica feliz quando o outro só gosta"

(palavras de Bartolomeu Campos Queiroz na palestra da UFRJ).

Nossa, como é difícil “só” gostar e deixar que o outro “só goste” na escola...Tudo tem que ser medido, pesado, averiguado, cobrado...A gente, no papel de professor, cobra “pedágio”, nada pode ser gratuito, principalmente o prazer.
Pelos livros adotados em algumas escolas, parece que pensam: “bom, já que os alunos têm que ler mesmo, que sejam livros que ensinem (ops!) alguma coisa”. E dá-lhe livros pseudo-didáticos, pseudo-paradidáticos, pseudo-literários: a história de um menino que não gostava de escovar os dentes, ou a história de “1 menino que tinha 1 amigo que era < que ele” (parece brincadeira, mas não é não.)
Pobre de nós! Não temos muitas experiências transformadoras através do prazer, da experiência estética. Então, como permitir que o outro as tenha?
Alguém (quem souber o autor, escreva-me para que eu possa dar os créditos!) disse assim:

“Livros não mudam o mundo.
Quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros só mudam as pessoas.”

Bartolomeu diz que as pessoas não se modificam pela leitura. Basta ver quantos livros de auto-ajuda existem e como o mundo está.
Precisamos é ler livros de “auto-inquietação”, “auto-empurrão”, “auto-susto”. Até aparecerem os tais fantasmas que o Bartolomeu falou...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ainda sob o efeito inebriante do 5º Encontro de Literatura Infantil e Juvenil da UFRJ...

Bem, aconteceu de 8 a 10 de julho, mas as palavras dos mestres ainda ecoam (ainda bem!).
Tudo muito bem organizado, assuntos interessantíssimos, pena eu não ser duas, três ou mais para poder fazer todos os minicursos que me interessavam. Mas o que eu quero comentar aqui é a maravilhosa palestra de abertura do Bartolomeu Campos Queiroz (que está enfrentando problemas de saúde, mas graças a Deus se recupera bem).
Confesso que, antes da palestra, os textos dele soavam para mim como bonitos, mas depressivos...terrivelmente solitários...sempre com um quê de melancolia...afasto-me um pouco deste tipo de texto, acho que basta a minha melancolia que já me custa a carregar...e ainda teria mais aquela que vem de fora, botando o dedo bem onde dói? Lygia Bojunga também tem esse dom, mas ainda dá para disfarçar com um certo humor, um aceno de esperança.
Pois lá vem Bartolomeu, muito aplaudido, senta-se e começa mansamente a falar...Sem intenção de dar nenhum “show” ou mostrar-se muito erudito. A gente sente que a palavra vem de dentro dele mesmo, não estudou aquilo, não se baseou nas últimas pesquisas. Como tudo aquilo que ele fala é profundamente humano!
Começou dizendo que o texto contém fantasia (até aí, eu estava no clima de Fantasia, de Walt Disney – ah, sim, concordo, lembrando-me do Mickey vestido de feiticeiro – é impressionante como nosso pensamento vai longe), mas logo depois Bartolomeu fala que fantasia vem de “fantasmas”: “é pela palavra que os nossos fantasmas criam corpo”...
Ai, que susto! Imediatamente minha cabeça ficou escura como Hogwarts do Harry Potter, e lembro daquele fantasma sem cabeça. Por que será que o “meu fantasma” não tem cabeça, isso é coisa para o meu analista. Deu um medo de não conseguir fugir, porque o fantasma estava lá dentro do pensamento.
Quando eu era pequena, morava num sobrado. Tinha uma escada de madeira que tomava banho de sol da clarabóia e à noite (misteriosamente só depois que meus pais resolviam dormir e deixava-me com meus irmãos sozinhos na sala assistindo à televisão), pois então, à noite a escada estalava. E nos apavorava com a única explicação plausível: fantasmas, é claro! Muito mais tarde fui entender a explicação científica disso, tarde o suficiente para duvidar dela. No fundo, ninguém me convenceu ainda que a maldita escada não se divertia a valer com nosso medo (ops, isto dá uma história).
Voltando à palestra: cá estou eu com meus fantasmas. Para quê dar corpo a eles? Vou tentar responder nos próximos dias...

Horário de Verão

Que horas são quando o relógio dá 13 badaladas?
Um doce para quem adivinhar...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O menino na Flipinha

O meu livro na Flipinha (Festa Literária de Parati, versão infantil)

Que bonita esta sequência de fotos... Foi a Mariana Massarani que tirou.
Gostei do detalhe da bola, no colo, esperando pelo menino.