quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Adapte-se...

Artigo de março do Jornal Nirvana!


Esta é a época de adaptação. Primeira escola, escola nova ou, pelo menos, nova turma. A primeira ideia que se tem é que a criança é quem tem que se acostumar à escola, aprender e seguir as normas. Quando ela “ficar transparente”, isto é, não chorar mais, não “aparecer” mais, não “der mais trabalho”, não “protestar” mais, está decretado que ela está adaptada. Será mesmo assim?
Fui olhar no dicionário. É um exercício interessante descobrir o significado verdadeiro de palavras que usamos cotidianamente. Adaptar, segundo o Michaelis, é “ajustar uma coisa a outra, combinar, encaixar, justapor.”
Então, teremos uma visão totalmente diferente da adaptação da criança na escola. Ela é um ser único, que está entrando em um novo círculo social que deve também se moldar para recebê-la. Ela precisa se ajustar a esta nova realidade, claro. Mas a escola também tem que se ajustar a esta nova criança, para que combinem. Penso nas peças do jogo Lego: é impossível encaixar uma peça se a outra for lisa. É preciso considerar que os dois lados tem particularidades que devem se somar, e não anular uma em benefício da outra. Assim se constroem coisas novas, vivas, em constante mudança. Senão, é um mero trocar de “personagens”, mas o cenário, o roteiro, é o mesmo: uma construção ossificada.
Que estimulante será uma escola, um ambiente de aprendizagem e convivência, cujos funcionários e professores também sentirem um “friozinho na barriga” no primeiro dia de aula, também pensarem se cada criança que vem chegando gostará deles, pensarem o que será que cada uma vem trazendo de novidade, de engraçado, de emocionante, de humano. Pensarem em como serão modificados por elas.
Deixei para o final a definição mais bonita do Michaelis para “adaptar”: “por em harmonia”. Não dá vontade de se adaptar logo?

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