domingo, 8 de fevereiro de 2009

Mais um artigo

Posto aqui mais um texto que foi publicado no Jornal Nirvana. Este saiu em dezembro, mas, como ainda tem gente em férias...

Crianças em férias: socorro!


Todo ano a história se repete: o que fazer com as crianças em férias, a esta altura, já entediadas? Sem atividades interessantes, passam o dia na televisão ou no computador e se queixando, e os pais contando os dias que faltam para as aulas começarem e terem um pouco de paz... Ou então, atoladas de atividades extras, colônia de férias, viagens, e assim pais e filhos mal se vêem. Definitivamente, não são estas as férias ideais! O que fazer, então?
Se pensarmos em como nós, adultos, usamos o tempo, teremos algumas pistas: temos mil compromissos de trabalho, estamos sempre correndo, não temos tempo para nada... Mas se tivéssemos tempo livre, saberíamos o que fazer com ele? Talvez seja o momento de pensarmos se não estamos evitando ter tempo e dar tempo às crianças. Tempo para pensar, para olhar, para criar.
Quantas vezes paramos para ouvir o que a criança tem para nos contar, sem atender o celular, sem olhar o relógio, sem pensar na lista do supermercado e no relatório a ser entregue? Quantas vezes conseguimos levá-la ao parque, sem “aproveitar” e ir ao banco, “aproveitar” e ler o jornal?
Será que somos capazes de desacelerar, de nos permitir ter tempo livre? Estar, de verdade, no presente, com nós mesmos e com o outro?
Vivemos um tempo de relações descartáveis, com mil “amigos” no orkut, mas nenhum disposto a ouvir um desabafo ao vivo. Nossos prazeres são calcados no consumo: brinquedo do anúncio, caderno com a capa do artista estampado, o último modelo de celular. Acúmulo de informações que nos sufocam e que não digerimos. E ficamos com a sensação de “balão de gás”: parece que temos muito, mas não nos sentimos preenchidos, plenos.
Não paramos para pensar que os verdadeiros prazeres são simples, são de graça ou custam muito pouco. Ouvir de verdade. Olhar de verdade. Andar de mãos dadas com o filho, um sorvete no fim da tarde, jogar damas, brincar com água, fazer um bolo juntos, ver fotos antigas da família, ler uma história na hora de dormir. Sentar no chão. Rir. Jogar conversa fora. Não fazer nada. É isso que nos aquece o coração, nos faz entender o valor que as coisas realmente têm. E voltamos das férias descansados, felizes, renovados, cheios de histórias para contar e muito mais próximos dos filhos. Conviver não enjoa, porque o encontro sem script é sempre novidade. A diferença é estar, de corpo e alma, com a criança. Isso sim, fará novo o Ano Novo.

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