domingo, 6 de junho de 2010


Quando escrevi “O menino, o cachorro”, entendi que o texto é meu, mas o livro, livro mesmo, o objeto e tudo o que ele representa foi feito por várias pessoas. Isso me ensinou a ser mais humilde. Porque é como uma digital: o texto pode ser reeditado por outra editora, com outro formato, outras ilustrações, mas aquele livro é só ele, ele é único. E eu, por mais criativa que seja, nunca poderia ter pensado ou ilustrado o livro como a Massarani ilustrou, nunca ia pensar que o livro ficaria lindo assim quadrado, com aquele papel, com aquelas letras, com aquelas orelhas como a Sylvia e a Bia pensaram.



Então, quando dei a peça para o Carlos, eu já estava aberta e curiosa pra saber o que é que ele ia fazer com aquilo. Ele achou graça do nome, gostou que eu coloquei uma música (“A felicidade” - só a letra, porque a melodia nunca me atreveria), e leu o fim. O olhar dele, de riso, foi como se fizéssemos um pacto naquele instante, acho que é como um bando de crianças que se reúnem no quintal e dizem: vamos brincar de faz de conta? Dá um friozinho na barriga, dá excitação, dá medo, dá vontade de rir, dá vontade de falar, dá vontade de se mexer.

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